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domingo, 2 de agosto de 2009

"Entre eles"

"Os pedidos do pontífice coincidiram com a notícia, destacada pela Rádio Vaticano, que pelo menos sete cristãos - entre eles uma criança e quatro mulheres - morreram queimados nas últimas horas por um grupo de fundamentalistas islâmicos na cidade de Gojra, na província do Punjab, no Paquistão."




Façam as contas comigo:

7 cristãos = 1 criança + 4 mulheres + 2 seres humanos default (homens)

As mulheres e a criança são, ao todo, cinco pessoas. Ou seja, entre sete, uma maioria. No entanto, elas são reduzidas a um 'entre eles'. Porque elas não são seres humanos inteiros. Elas não são padrão. Homens são.

As mulheres e crianças apresentadas na conta servem pra causar piedade. Porque uma criança muitas vezes não tem como se defender. Isso é fato. Elas são menores, mais fracas. Mas me transformem em uma pessoa mais esclarecida e me expliquem qual é a gigantesca diferença entre uma mulher e um homem adultos além de certos atributos óbvios.

Segundo a mídia, mulheres não são só meio-humanas, elas também são incapazes de se defender, como crianças.

E não me venham com abobrinhas do estilo 'mulheres-são-mais-fracas' porque nem na Idade Média (que é a Idade Média!) esse argumento colava.

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Em tempo:

Lamento muito essa barbárie. Parece que a gente só involui.

domingo, 31 de maio de 2009

Linkagem anti-boring

Como eu ando bem imprestável pra blogar, vou fazer uma linkagem inútil à la Thais, só pra não deixar isso aqui às moscas.

- Black Dude Falling - um flash absolutamente inútil e viciante.
- Can you vibrate as much as a sex toy?
- Notícia de abril, mas infelizmente corrente: Women at war face sexual violence.
- E-books.
- Paixãozaça!
- Francesinha que me faz rever meus conceitos sobre filhos.
- Irish joy.
- Duas cenas de filme que eu não esqueço.
- Amazonas x atenienses.
- Perhaps, perhaps, perhaps.
- Masha detonando.
- Primeiro vídeo de 18 partes do musical Phantom pelo Takarazuka. Aproveitem enquanto ainda está no YouTube.

sábado, 25 de abril de 2009

Takarazuka: Sexual Politics and Popular Culture in Modern Japan - Jennifer Robertson


"To Daichi Mao-sama: You were an absolutely new flower. There has been no other star in Takarazuka history who had displayed your gorgeous androgynous elegance. Before you, there were many orthodox otokoyaku . . . but you gave rise to a new type of player of men's roles . . . with your round face, slim body, and sinuous movements . . . When we fans first hear you sing [about love], we were swept away in a strange and fragrant world. Without question your charm was your very womanliness. Not the posturing come-on of mannish females, but an affirmation of a womanliness of female bodies. You symbolized a new era when females could begin to love themselves as themselves.
And so why you became an ordinary woman?
There are a million of actresses. There's no reason for you to become yet another actress who titillates actual males . . . Now all you do is take roles that have you pout at males and say things like, "Why don't you like me?" That kind of role is totally unrealistic; it's a pathetic joke. You've gone from being a jewel to being a mere pebble. I can never forgive your betrayal in playing women who exist for males. When we see you being embraced by a male, it's as though our dreams have been stolen.
You - Takarazuka's new flower, females' freedom and joy, our fin de siècle dream. Why did you become a woman? Just an ordinary woman!?
Yours, Hoshi Sumire."
(pp. 79, 81)


A carta acima foi escrita por uma fã para Daichi Mao (nome artístico de Tada Mayumi), uma antiga atriz do Takarazuka, depois que ela deixou o teatro e se tornou uma 'atriz comum'. A revolta da fã exprime bem o sentimento que ronda o teatro: as otokoyaku são um símbolo de liberdade para algumas mulheres japonesas; deixando de lado a androginia (aqui a representação da liberdade), elas destróem um pouco da esperanças (ou sonhos) das fãs.

É sobre isso que o livro trata: a ambiguidade existente nas relações entre mulheres representando homens; relações entre atrizes e fãs; e, especialmente, a forma como a política japonesa e a política do teatro se alinharam no último século.

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Takarazuka: Sexual Politics and Popular Culture in Modern Japan
Jennifer Robertson
University of California, 1998
278 páginas

quarta-feira, 11 de março de 2009

"Eu sou feminista!"

Isso sou eu, do alto da minha sabedoria dos nove ou dez anos de idade. Obviamente, na época eu não devia pensar mais do que "é alguma coisa em que a gente pode chutar os traseiros dos homens, então é legal", mas eu já sabia que estava ali defendendo algo que era meu.

Ser feminista foi uma coisa que eu nem nunca contestei. Eu simplesmente sempre fui. Não sei quando começou, não sei por quê. Algumas mulheres dizem que têm 'cliques', percebem o quanto elas e outras à sua volta são constantemente oprimidas e buscam algo que as tire desse inferno. Eu, não. Não sei o que foi. Nas minhas lembranças mais antigas de criança eu não devia ter mais do que três anos, e já lá eu era 'diferente'. Gostava de bonecas e vestidos e maquiagens como me foi ensinado a gostar e a todas as outras meninas desse mundo. Mas tinha mais. Eu gostava de coisas que eram consideradas 'de menino'.

Quantas vezes eu não fui reprimida por gostar dessas coisas? Talvez tenha sido isso! De tanto ouvir os outros (não meus pais; eles só demonstraram alguma 'preocupação' bem mais tarde, quando eu já era adolescente) me barrarem em diversas situações por ser menina, eu provavelmente passei a procurar instintivamente uma maneira de me permitir.

Provavelmente, em algum momento entre esses anos de luta solitária, eu achei graça e fiquei maravilhada ao descobrir que eu não estava sozinha entre as garotas 'bem-comportadas' à minha volta. 'Feminismo'. Não sei quando foi que eu ouvi isso. Eu só sei que eu disse essa frase aí do título, e que aquilo me dava um orgulho tremendo e me dava a maior motivação pra seguir em frente. E é por isso que eu nunca questionei. Sempre foi algo meu. E sempre de todas as mulheres. Eu passei a vida tentando mostrar pra algumas garotas o quão mais elas poderiam ser além daquele esforço todo pra aparecer.

Até então, eu também nunca tinha sido questionada. 'Xingada' (feminista é xingamento, viu?), constantemente assediada, sofrendo tentativas de humilhação, olhada de maneira torta por meninas que sentiam dor demais pra acreditar que existia uma saída real. Isso, sim. Mas a minha posição de feminista, não. E, quando aconteceu, saiu de onde eu menos esperava.

Como a internet é um dos meios mais fantásticos que existem pra encontrar pessoas que compartilham do seu ponto de vista, eu sempre fui ativa em fóruns. Com a chegada do Orkut, então, alegria total. Foi aí que eu descobri a infinidade de feminismos que existem. Foi aí também, que pela primeira vez apontaram o dedo para mim e questionaram a 'veracidade' do 'meu' feminismo. Como partia de pessoas que, até certo ponto, eu respeitava e tinha como referência, eu caí.

Eu como carne. Não acho que todo homem heterossexual é um torturador. Não acredito em sexualidade meramente política (a palavra aí nem é 'acreditar'; é mais uma questão de não achar que isso deva ser uma obrigação de todo e qualquer ser humano). Eu também não sou comunista, nem exatamente de esquerda (economicamente falando), então, obviamente, eu sou um monstro do patriarcado.

Pela primeira vez na minha vida, aos vinte e dois anos de idade, eu me questionei se eu era realmente feminista. Eu lutava por mulheres, fazia o que podia pra contribuir, mas eu não era vegan, tinha atração (também) por homens, era uma 'direitista' cretina, então, claro, como eu poderia ser feminista nessas condições?!

Demorou um pouco até eu perceber a contradição das contradições que jogavam pra cima de mim: eu era mulher, eu lutava por mulheres, pra que todas tivessem voz, mas eu não poderia ter a minha porque, bem, eu estava longe do ideal. Mais do que isso, estavam tentando me obrigar a seguir um modelo, tal qual a sociedade vigente sempre tentou fazer.

Eu nunca me senti tão feliz quanto quando eu finalmente percebi isso. Foram as amarras que me faltavam. Eu não seguia o padrão feminino. Eu seguia o que eu sentia ser. Mas ao mesmo tempo eu tentava e almejava ser o que eu via e acreditava ser a representação ideal de uma revolucionária, ainda que sem perceber. E eu me senti bem entendendo que eu podia ser eu. Que eu tenho falhas, assim como as outras, e que meu jeito de lidar com elas não era exatamente errado, apenas diferente. É uma coisa tão óbvia, tão clichê, e mesmo assim tinha passado batido por tanto tempo.

Isso me fez mais tolerante com relação às garotas que estão chegando agora, ou mesmo aquelas que não acreditam no mesmo que eu. E agora eu vejo várias meninas passando pelo mesmo. Entram e se sentem deslocadas. Têm medo da sua própria opinião. Querem fazer algo, mas não sabem por onde começar. Fogem das garras de uma sociedade machista pra cair nas recriminações de um feminismo que já sofreu tanto que já não sabe como conciliar todas as definições que surgiram, nem educar a variedade de meninas que chegam sem obrigá-las a seguir mais um padrão.

Ainda que me digam que a individualidade seja uma forma de manipulação do 'sistema', eu continuo acreditando que não tem nada mais igualitário do que respeitar a diversidade e a diferença alheia. E ainda que me digam que eu não sou feminista -o que, afinal, acabou se provando ser uma opinião compartilhada por uma minoria entre as que eu conhecia -, eu nunca vou deixar de ser. Podem me tirar o rótulo, podem me chamar do que quiserem. Não é o nome que me faz. É o que eu faço e o que eu escolho. E eu escolho viver por mulheres. Não é disso que o feminismo deveria se tratar, afinal?

segunda-feira, 9 de março de 2009

The L Word - Finale: Sisterhood


Acabou. Ontem. Acabei de ver o último episódio.

Bem, não vou dar opiniões, porque com certeza tem muita gente aí que ainda não viu.

Só vou dizer que foi bom enquanto durou. Foi uma série que me surpreendeu bastante e que me deixou totalmente viciada. Eu fico sinceramente feliz de viver na época em que surgiu a primeira série sobre, por e para lésbicas. Foi FODA!

Devo dizer que eu estou me sentindo meio vazia. É ruim pensar que agora não vou ter mais aquela ansiedade da espera da próxima temporada. Agora é esperar que hajam outras do mesmo nível.

Também achei bastante simbólico ter terminado bem no Dia da Mulher. Deu uma sensação boa.

The L Word foi mais do que especial pra mim porque marcou um período excelente na minha vida. Sabe essas meninas que vocês viam lá? Pois é, eu tive (e tenho) aqui comigo, na vida real, mesmo. E acho que é por isso que eu me identifiquei tanto: a maior mensagem que o seriado deixa é a idéia de irmandade, de respeito e proteção entre mulheres. E é por isso que eu acho que qualquer garota, lésbica ou não, deve assistir. Nós precisamos aprender a ter união.

Eu vou encerrar o post com a música de abertura. Talvez não faça sentido para outras pessoas, mas eu tenho certeza que pelo menos certas meninas vão entender.


Girls in tight dresses / who drag with mustaches / Chicks driving fast / ingenues with long lashes / Women who long, love, trust / women who live / This is the way, it's the way that we live...

Talking, laughing, loving, breathing, fighting, fucking, crying, drinking, whining, winning, losing, cheating, kissing, drinking, dreaming.

This is the way, it's the way that we live / It's the way that we liiiiive...

...AND LOOOOOOVE!

domingo, 8 de março de 2009

Dispenso esta rosa!

Por Marjorie Rodrigues

Dia 8 de março seria um dia como qualquer outro, não fosse pela rosa e os parabéns. Toda mulher sabe como é. Ao chegar ao trabalho e dar bom dia aos colegas, algum deles vai soltar: "parabéns".

Por alguns segundos, a gente tenta entender por que raios estamos recebendo parabéns se não é nosso aniversário (exceção, claro, à minoria que, de fato, faz aniversário neste dia). Depois de ficar com cara de bestas, num estalo a gente se lembra da data, dá um sorriso amarelo e responde "obrigada", pensando: "mas por que eu deveria receber parabéns por ser mulher?".

Mais tarde, chega um funcionário distribuindo rosas. Novamente, sorriso amarelo e obrigada. É assim todos os anos. Quando não é no trabalho, é em alguma loja. Quando não é numa loja, é no supermercado. Todos os anos, todo 8 de março: é sempre a maldita rosa.

Dizem que a rosa simboliza a "feminilidade", a delicadeza. É a mesma metáfora que usam para coibir nossa sexualidade -- da supervalorização da virgindidade é que saiu o verbo "deflorar" (como se o homem, ao romper o hímen de uma mulher, arrancasse a flor do solo, tomando-a para si e condenando-a -- afinal, depois de arrancada da terra, a flor está fadada à morte). É da metáfora da flor, portanto, que vem a idéia de que mulheres sexualmente ativas são "putas", inferiores, menos respeitáveis.

A delicadeza da flor também é sua fraqueza. Qualquer movimento mais brusco lhe arranca as pétalas. Dizem o mesmo de nós: que somos o "sexo frágil" e que, por isso, devemos ser protegidas. Mas protegidas do quê? De quem? A julgar pelo número de estupros, precisamos de proteção contra os homens. Ah, mas os homens que estupram são psicopatas, dizem. São loucos. Não é com estes homens que nós namoramos e casamos, não é a eles que confiamos a tarefa de nos proteger. Mas, bem, segundo pesquisa Ibope/Instituto Patricia Galvão, 51% dos brasileiros dizem conhecer alguma mulher que é agredida por seu parceiro. No resto do mundo, em 40 a 70 por cento dos assassinatos de mulheres, o autor é o próprio marido ou companheiro.Este tipo de crime também aparece com frequência na mídia. No entanto, são tratados como crimes "passionais" -- o que dá a errônea impressão de que homens e mulheres os cometem com a mesma frequência, já que a paixão é algo que acomete ambos os sexos. Tratam os homens autores destes crimes como "românticos" exagerados, príncipes encantados que foram longe demais. No entanto, são as mulheres as neuróticas nos filmes e novelas. São elas que "amam demais", não os homens.

Mas a rosa também tem espinhos, o que a torna ainda mais simbólica dos mitos que o patriarcado atribuiu às mulheres. Somos ardilosas, traiçoeiras, manipuladoras, castradoras. Nós é que fomos nos meter com a serpente e tiramos o pobre Adão do paraíso (como se Eva lhe tivesse enfiado a maçã goela abaixo, como se ele não a tivesse comido de livre e espontânea vontade). Várias culturas têm a lenda da vagina dentata. Em Hollywood, as mulheres usam a "sedução" para prejudicar os homens e conseguir o que querem. Nos intervalos do canal Sony, os machos são de "respeito" e as mulheres têm "mentes perigosas". A mensagem subliminar é: "cuidado, meninos, as mulheres são o capeta disfarçado". E, foi com medo do capeta que a sociedade, ao longo dos séculos, prendeu as mulheres dentro de casa. Como se isso não fosse suficiente, limitaram seus movimentos com espartilhos, sapatos minúsculos (na Chi na), saltos altos. Impediram-na que estudasse, que trabalhasse, que tivesse vida própria. Ela era uma propriedade do pai, depois do marido. Tinha sempre de estar sob a tutela de alguém, senão sua "mente perigosa" causaria coisas terríveis.

Mas dizem que a rosa serve para mostrar que, hoje, nos valorizam. Hoje, sim. Vivemos num mundo "pós-feminista" afinal. Todas essas discriminações acabaram! As mulheres votam e trabalham! Não há mais nada para conquistar! Será mesmo? Nos últimos anos, as diferenças salariais entre homens e mulheres (que seguem as mesmas profissões) têm crescido no Brasil, em vez de diminuir. Nos centros urbanos, onde a estrutura ocupacional é mais complexa, a disparidade tende a ser pior. Considerando que recebo menos para desempenhar o mesmo serviço, não parece irônico que o meu colega de trabalho me dê os parabéns por ser mulher?

Dizem que a rosa é um sinal de reconhecimento das nossas capacidades. Mas, no ranking de igualdade política do Fórum Econômico Mundial de 2008, o Brasil está em 10oº lugar entre 130 países. As mulheres têm 11% dos cargos ministeriais e 9% dos assentos no Congresso -- onde, das 513 cadeiras, apenas 46 são ocupadas por elas. Do total de prefeitos eleitos no ano passado, apenas 9,08% são mulheres. E nós somos 52% da população.

A rosa também simboliza beleza. Ah, o sexo belo. Mas é só passar em frente a uma banca de revistas para descobrir que é exatamente o contrário. Você nunca está bonita o suficiente, bobinha. Não pode ser feliz enquanto não emagrecer. Não pode envelhecer. Não pode ter celulite (embora até bebês tenham furinhos na bunda). Você só terá valor quando for igual a uma modelo de 18 anos (as modelos têm 17 ou 18 anos até quando a propaganda é de creme rejuvenescedor...). Mas mesmo ela não é perfeita: tem de ser photoshopada. Sua pele é alterada a ponto de parecer de plástico: ela não tem espinhas nem estrias nem olheiras nem cicatrizes nem hematomas, nenhuma dessas coisas que a gente tem quando vive. Ela sorri, mas não tem linhas ao lado da boca. Faz cara de brava, mas sua testa não se franze. É magérrima (às vezes, anoréxica), mas não tem nenhum osso saltando. É a beleza impossível, mas você deve persegui-la mesmo assim, se quiser ser "femi nina". Porque, sim, feminilidade é isso: é "se cuidar". Você não pode relaxar. Não pode se abandonar (em inglês, a expressão usada é exatamente esta: "let yourself go"). Usar uma porrada de cosméticos e fazer plásticas é a maneira (a única maneira, segundo os publicitários) de mostrar a si mesma e aos outros que você se ama. "Você se ama? Então corrija-se". Por mais contraditória que pareça, é esta a mensagem.

Todo dia 8 de março, nos dão uma rosa como sinal de respeito. No entanto, a misoginia está em toda parte. Os anúncios e ensaios de moda glamurizam a violência contra a mulher. Nas propagandas de cerveja e programas humorísticos, as mulheres são bundas ambulantes, meros objetos sexuais. A pornografia mainstream (feita pela Hollywood pornô, uma indústira multibilionária) tem cada vez mais cenas de violência, estupro e simulação de atos sexuais feitos contra a vontade da mulher. Nos videogames, ganha pontos quem atropelar prostitutas.

Todo dia 8 de março, volto para casa e vejo um monte de mulheres com rosas vermelhas na mão, no metrô. É um sinal de cavalheirismo, dizem. Mas, no mesmo metrô, muitas mulheres são encoxadas todos os dias. Tanto que o Rio criou um vagão exclusivo para as mulheres, para que elas fujam de quem as assedia. Pois é, eles não punem os responsáveis. Acham difícil. Preferem isolar as vítimas. Enquanto não combatermos a idéia de que as mulheres que andam sozinhas por aí são "convidativas", propriedade pública, isso nunca vai deixar de existir. Enquanto acharem que cantar uma mulher na rua é elogio, isso nunca vai deixar de existir. Atualmente, a propaganda da NET mostra um pinguim (?) dizendo "ê lá em casa" para uma enfermeira. Em outro comercial, o russo garoto-propaganda puxa três mulheres para perto de si, para que os telespectadores entendam que o "combo" da N ET engloba três serviços. Aparentemente, temos de rir disso. Aparentemente, isso ajuda a vender TV por assinatura. Muito provavelmente, os publicitários criadores desta peça não sabem o que é andar pela rua sem ser interrompida por um completo desconhecido ameaçando "chupá-la todinha".

Então, dá licença, mas eu dispenso esta rosa. Não preciso dela. Não a aceito. Não me sinto elogiada com ela. Não quero rosas. Eu quero igualdade de salários, mais representação política, mais respeito, menos violência e menos amarras. Eu quero, de fato, ser igual na sociedade. Eu quero, de fato, caminhar em direção a um mundo em que o feminismo não seja mais necessário.


Projeto 'Combatendo o Machismo Pixel por Pixel'

sexta-feira, 6 de março de 2009

O padrasto tá perdoado

"Nesta sexta-feira (6), o arcebispo disse que o padrasto, suspeito de violentar a menina e ser pai dos bebês, não pode ser excomungado. 'Ele cometeu um crime enorme, mas não está incluído na excomunhão', afirmou Sobrinho. 'Esse padrasto cometeu um pecado gravíssimo. Agora, mais grave do que isso, sabe o que é? O aborto, eliminar uma vida inocente.'"

[...]

"A imprensa italiana publicou, nesta sexta, reportagens afirmando que o Vaticano apóia a decisão do arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, de excomungar os envolvidos na interrupção da gravidez de uma menina de 9 anos."

Fonte: G1


Juro que eu nunca vi uma coisa tão ridícula e tão absurda. Parece que nós temos mais um candidato ao 'esse cara tinha que apanhar de vara'. :]

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Update:

Pra quem quiser expressar o que sente sobre essa história toda, aqui vai o e-mail do arcebispo: aor@hotlink.com.br .

terça-feira, 3 de março de 2009

Dia 3: Mulheres no Esporte

Ok, campo minado. Ainda que eu tenha me tornado um tanto... er... sedentária, eu adoro esportes. Pra praticar, eu tenho certas limitações, mas, para assistir, qualquer esporte é esporte! Mulheres chutando, batendo, derrubando, pulando... HOORAY!

Mas - como tudo na vida tem um 'mas' - nada é perfeito. Muitas atletas vêem suas carreiras mudarem com um título, uma vitória, e não necessariamente pra melhor: com a fama, vêm as propostas para posar nua e toda a sorte de coisas relacionadas. Não que isso não aconteça com homens, mas, dado o nosso histórico e contexto social, a maneira como isso ocorre e é encarado difere muito de um sexo para o outro.

Quem é que não se lembra da bandeirinha Ana Paula Oliveira, que posou para a Playboy em 2007 depois de ficar famosa através de suas arbitragens polêmicas? É uma história cheia de espinhos: primeiro porque, como uma das primeiras mulheres fiscalizando o campo, o trabalho dela foi previsivelmente questionado por marmanjos que acham que seus pênis são o centro do universo; depois, porque ela aceitou posar nua para a VIP, em seguida para a Playboy, o que é uma decisão pessoal, mas que afeta o modo de ver e serem vistas de futuras profissionais; por fim, pela decisão descabida da CBF de afastá-la da primeira divisão do Campeonato Brasileiro por ter aceitado fazer as fotos.

Antes de ser uma decisão pessoal, aceitar um convite para posar nua é algo que, como eu disse, afeta outras coisas. Primeiro, o profissionalismo da mulher em questão. Ela passa a ser vista como 'a mulher que posou para a Playboy' em vez de 'a bandeirinha da CBF'. Depois, o profissionalismo de TODAS as mulheres que têm a mesma profissão. Cria-se a expectativa de que elas vão fazer o mesmo - ainda mais quando a mulher que posou é pioneira na sua área. Mais do que tudo, as mais atingidas por isso são as novas gerações: as garotas vêem naquilo uma obrigação, algo que esperam que ela faça, um preço que ela paga pela fama - e até mesmo passa a achar desejável.

Quando é um homem posando, no entanto, a história é outra: no máximo faz-se algumas piadinhas, mas nada que atrapalhe a sua boa atuação. Um exemplo: se você procurar 'Vampeta' no Google Imagens (pesquisa de hoje, 03/03), vai ver que duas das dezoito imagens sobre ele são poses para a revista G. Se você fizer o mesmo com 'Danica Patrick', no entanto, vai encontrar nada menos do que catorze fotos da piloto em poses sexy.


'Skorts'?

Mulheres esportistas são cobradas o tempo todo para serem 'femininas'. Quem é que já viu alguma matéria do infâme Globo Esporte sobre a Seleção Feminina de futebol, por exemplo, sem que eles citem o famoso "...mas isso não impede que elas tenham vaidade"?

É algo visto o tempo todo e chega a extremos ridículos. Em 2001, a Fundação Paulista de Futebol resolveu 'embelezar' as atletas (aumentar salário e divulgar campeonato, que é bom, nada), convocando mulheres entre 17 e 23 anos para participar de seus seletivos. Outro exemplo são os uniformes super justos ou cor-de-rosa que são sugeridos vez ou outra.

Nesta semana aconteceu mais um desses episódios 'vamos feminilizar nossas atletas', dessa vez com os times americanos de futebol. A Puma promoveu um desfile onde as atletas divulgaram novos uniformes. A atração principal eram os skorts, mistura de shorts com saia (skirts + shorts = skorts). A explicação da Puma?

"PUMA brings a sense of fashion, flair and femininity to the kits with tailored jerseys, shorts and wraps. Although the uniforms have a more tailored silhouette, the technical materials, cuts and shapes are driven purely by performance, designed for the players to have the maximum flexibility to get them to the ball faster." - Women's Professional Soccer

Como mostrou uma blogueira do AfterEllen, os 'skorts' não eram a única opção: haviam também shorts que, ei!, são desenhados parar criar uma "silhueta mais feminina".

Não me levem a mal, garotas, mas essa é uma das coisas que eu considero que entra na categoria do 'tem hora pra tudo'. Assim como tem horas em que você quer estar bem-arrumada, tem horas - e correr uma hora e meia por um campo de futebol é uma delas - em que simplesmente não dá pra sair sem se despentear. Profissional é profissional. Corre, sua, cai, se suja na lama, se machuca. Quer ser dondoca? Então tá fazendo o que correndo atrás de uma bola?

Enquanto houver esse medo de encarar um esporte a sério e acabar musculosa (HÁ! Porque é SUPER fácil!), vai ser um pouco difícil, mesmo, ser levada a sério. Ainda mais vestindo um treco que se chama 'skorts'.

The F Word on The L Word

"Yet the stand-out feminist moment for me revolved around Jenny in season two. Mark, a wannabe filmmaker, moves in with Jenny and Shane and, unbeknownst to them, turns out to be as interested in lesbians’ lives as we viewers are: He has gone so far as to hide video cameras all over the house to record the “secret lives of lesbians”— imagine that! Eventually the cameras are discovered and the women express their sense of violation. In a shamefaced apology, Mark says: “When I moved in here I was the type of guy who was capable of doing shit like this, but I am not that guy anymore. …[Y]ou and Shane have made me a better man.”

Jenny responds with a speech that still makes me punch the air: “Oh, fuck off, Mark! It’s not my job to make you a better man and I don’t give a shit if I’ve made you a better man. It’s not a fucking woman’s job to be consumed and invaded and spat out so that some fucking man can evolve.”"

Sal Renshaw, Ms. Magazine


segunda-feira, 2 de março de 2009

Dia 2: Mulheres na Música

Eu gosto de vozes e instrumentos graves, músicas mais pesadas, por isso tenho uma certa tendência a preferir bandas com vocais masculinos. Mas nada me agrada mais do que uma mulher kicking ass. Especialmente se ela tiver um vozeirão de botar marmanjo no chinelo.

Metal é meu estilo de música. Não o único, mas o principal. Infelizmente, não se vê muitas mulheres circulando na 'cena' (pelo menos em comparação aos homens) e, quando elas estão lá, raramente têm o devido reconhecimento. Obviamente não estou falando dos setores 'góticos' ou 'melódicos' da força. Essas são as alas em que mulheres são bem vindas. Por quê? Porque lá elas podem abusar do vocal lírico ('feminino') e carregar na maquiagem.

Outros estilos de metal, no entanto, costumam 'rejeitar' mulheres. As que são reconhecidas aparentam o serem mais pela beleza do que outra coisa - vide Angela Gossow; nada contra ela, mas outras mulheres antes dela já faziam o que ela faz e não obtiveram o mesmo destaque.

É por essas e outras que eu tenho crises de felicidade quando algumas gurias aparecem pra contrariar a lógica das coisas. Exemplo: Masha 'Scream' Arhipova. Considero-a a mulher mais foda que já subiu num palco do metal.


Masha mudou a típica imagem da mulher com vozinha de elfa do folk metal. Ela canta gutural, altera com vocais limpos e mantém pose de guerreira em cima do palco. Em paralelo com o Arkona, Masha mantém um outro projeto, o Nargathrond, de black metal, onde ela, ao contrário de outras mulheres do meio, não precisa apelar pra artifícios 'femininos' pra conseguir seu espaço.

Antes do Arkona se formar, em 2002, quem me dava felicidade era a Federica 'Sister' De Boni. De Boni cantava na banda italiana de power metal White Skull. Infelizmente, ela encerrou a carreira no hall das garotas que não receberam o crédito que mereciam.

E aqui eu estou falando só de vocalistas, que é o lugar mais ocupado por mulheres. A escassez de garotas tocando guitarria, bateria e baixo é deprimente. Os únicos instrumentos que as mulheres aparecem tocando são aqueles que caem no velho campo do feminino: teclado e violino (esse último, ainda assim, vez ou outra).

[Outras bandas women friendly que eu gosto são Gallhammer, Tymah, Darkened Nocturn Slaughtercult e o vozeirão da Alžběta Hejnová na banda tcheca de death metal Stigma.]


Fora do metal

No entanto, felizmente existem outras praias onde as mulheres se aventuram mais e que dão bons resultados, como o punk e o hardcore. Bandas como Hole, Bikini Kill, L7, Team Dresch, Lunachicks, Joan Jett & The Blackhearts, The Runaways, Elastica, Dominatrix, Bratmobile e Bulimia fizeram minha cabeça enquanto eu crescia. Não esquecendo, é claro, de bandas que mais tarde eu conheci e que estão entre as favoritas até hoje: Kittie, Sleater-Kinney, Sahara Hotnights, The Organ, Crucified Barbara, Siete Armas, The Butchies.

Outros projetos mais alternativos também me agradam. Rasputina, Nina Hagen e a badalada Uh Hu Her que o digam.

Pra quem quiser conferir, eu sugiro essa comunidade de downloads no Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=35131645

...e estes dois blogs, onde você vai encontrar diversão por muito tempo:
http://guitarwomen.blogspot.com/
http://femme-extreme.blogspot.com/

Fuck'em, girls!

domingo, 1 de março de 2009

Mulheres nos Quadrinhos

Eu não gosto nem aprovo o Dia Internacional da Venda de Eletrodomésticos (a.k.a. Dia Internacional da Mulher). Ano após ano eu escrevi, reclamei, falei, esbravejei. Agora, resolvi mudar de tática. Depois que se sugeriu um projeto coletivo para o Dia da Mulher na F&L, eu comecei a pensar em fazer um meu, mesmo. Pensei em escrever, durante a semana que antecede a data, sobre algumas mulheres que eu admiro.

[E, pela minha habitual procrastinação, eu quase me esqueci do primeiro dia. Agora estou eu, aqui, às 19:30, escrevendo um texto que deveria ter sido publicado esta manhã e escrito há mais de um mês.]

Devo esclarecer que não vai ter uma ordem muito lógica; vou escrever conforme os assuntos aparecerem. Pra começar, vou escrever sobre...


Mulheres nos Quadrinhos

Eu sou uma alucinada por histórias em quadrinhos. Atualmente, também por webcomics (como se pode notar em praticamente todos os últimos posts). Confesso que, no começo, eu torcia o nariz para quadrinhos publicados online. Achava que era apenas um recurso utilizado por desenhistas frustrados que não conseguiam ter suas obras publicadas em papel. Bem, eu não conhecia ainda todo o potencial da internet. Graças ao poder superior da world wide web, no entanto, eu percebi o quanto eu estava equivocada. Descobri diversos artistas fantásticos, alguns que eu já até citei por aqui.

Não quero puxar sardinha, mas as mulheres geralmente me agradam mais. É o caso da Erica Moen, ilustradora do DAR, as tirinhas auto-biográficas que se tornaram minhas favoritas online. Outras boas cartunistas são: Philippa Rice, Olivia Brammer, Nina Paley (que acabou de lançar um longa animado de babar!), Paige Braddock, a criadora de Ugly Girl, que assina simplesmente como 'Nanda', Danielle Corsetto, KT Shy, Meredith Gran, Dylan Meconis e a brasileira Samanta Flôor.

No bom e velho papel, eu tenho uma séria preferência (embora atualmente eu tenha me tornado inegavelmente mais tolerante) por mangás, muitos dos quais podem ser baixados na internet. Alguns nomes (obras mais conhecidas entre parênteses):

Shimura Takako (Sweet Blue Flowers), Nananan Kiliko (Blue), Anno Moyoco (Sakuran), Yazawa Ai (NANA), Ikeda Riyoko (Rosa de Versalhes), Ebine Yamaji (Love My Life), Yokoyama Mayuki (Colégio Feminino Bijinzaka), Watase Yuu (Fushigi Yuugi - única obra dela que eu gosto, aliás; resolvi postar porque gosto bastante), Yuki Kaori (Angel Sanctuary), Saitou Chiho (Shoujo Kakumei Utena), Ogawa Yayoi (Kimi Wa Petto), Umino Chika (Honey & Clover), Igarashi Yumiko (Paros No Ken), Haruno Nanae (Pietá), Sakurazawa Erica (Love Vibes), Okazaki Mari (Shibuya District, Maruyama Neighborhood: After School), Takeuchi Sachiko (Honey & Honey), Amamiya Sae (Plica)...

Ufa! E são só os nomes que eu gosto mais. Tem um universo gigante por aí pra ser explorado. Algumas dessas autoras já foram publicadas no Brasil, então você vai ter dificuldade em encontrar os mangás em português para download - e talvez até mais em inglês, já que as leis internacionais sobre direitos autorais costumam ser mais rigorosas. As mais 'desconhecidas', no entanto, são bem fáceis de encontrar em sites scanlators, como o Lililicious, especializado em yuri manga.


Fora dos Quadrinhos

Vou aproveitar o post 'artístico' pra citar outras artistas que, bem, não mexem com quadrinhos, mas também merecem ser citadas. São elas: Jacqueline Pytyck, Aya Kato e Aubrey Kawasaki.


Se você é chegado em ilustrações, quadrinhos, etc., dá uma conferida geral. Garanto que vale a pena. Falta só o reconhecimento.


[Peço desculpas pelo post sem ilustrações - post SOBRE ilustrações SEM ilustrações é bastante irônico -, mas a minha internet resolveu fazer birra e eu não estou conseguindo upar nada. Tentarei fazer isso mais tarde.]

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

The Collapsible Woman

"As a culture, we tell girls from the cradle that rape is the worst thing that can ever happen to them. We say it will destroy their lives and that they will lose their sense of purity. We tell those who were sexually abused that it is natural to feel dirty. We do this because it’s true, and we’re trying to prepare them so that they don’t feel alone when it happens. But aren’t we also setting them up to be destroyed, to feel dirty and impure? How much are we training ourselves to crumble? The convenient use of words like “survivor” and “victim” don’t really change the messages we are given. While there is no positive side to rape and abuse that could be emphasized, we should tell another, fuller truth. We should say, “This may wreck your life for a while,” or “Sometimes you’ll feel dirty.” But we don’t, and we are left with the impression that there is no healthy response other than breakdown. It’s as if we see moving beyond the trauma as denying its impact."

Vanessa Veselka - Bitch Magazine

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

'Desonrada' vai virar filme


Mukhtar Mai, a paquistanesa que foi condenada a ser estuprada por um crime de honra cometido pelo seu irmão (ele estuprou uma garota) e escreveu o livro Desonrada, vai ter sua história contada no cinema.

Outra boa notícia nessa história é que quem vai dirigir é ninguém menos que a brasileira Kátia Lund, co-diretora do filme Cidade de Deus.

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Fontes: Bitch - AfterEllen - Variety

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Jennifer Finge, 56


Primeira mulher a atravessar o Oceano Atlântico a nado.

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Fontes: AlterNet - Yahoo

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Islândia anuncia primeira-ministra homossexual

"A coalizão que governa a Islândia anunciou neste domingo
que escolheu uma homossexual assumida para o cargo de
primeiro-ministro.
"
[Fonte: O Globo]
E depois ainda me perguntam pra que eu estudo islandês.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Tribo boa...

Como diz a Águeda, 'meu feminismo foi parar no sutiã dela'. Ou melhor, dela, não; delaS:


Zoe Jakes, Rachel Brice e Sharon Kihara. Três das dançarinas do The Indigo. Eu já venho 'namorando' a dança dessas gurias há tempos! Fantástico.

Aqui vai uma amostrinha da Kihara.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Eu e a minha eterna quedinha pelo 'nouveau-influenced'...


Genova - Aya Kato, 2005

(Itália + Alemanha + Japão = referência ao Eixo da Segunda Guerra? Essa imagem me intriga.)



Two Girls - Aubrey Kawasaki, 2005


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Diaries of Court Ladies of Old Japan - Shikibu Murasaki, Shikibu Izumi, Lady Sarashina


"Looking over those who were inside the misu I saw that persons who were permitted to wear honourable colours were in karaginu of blue or red, painted trains, and uchigi which were as a rule brocade of old red and old rose. Only the Right Bodyguard wore clothes of shrimp pink. The beaten stuffs were like the mingling of dark and light maple leaves in autumn. The under garments were in deep and pale jasmine yellow or in green and white. Some wore scarlet and green, and others dressed trimmed with three folds. Among those who were nor permitted to wear figured silk the elderly persons wore blue, or dull red and old rose five-fold-bordered uchigi. The colour of the sea painted on their trains was tasteful and quiet. On their belts was a repeated design."

[ Diário de Murasaki Shikibu ]



Pra quem, como eu, tem interesse pelo período Heian, esse livro é interessante. Trata-se de diários de três cortesãs japonesas: Lady Sarashina - também conhecida como 'Sugawara no Takasue no musume', ou 'filha de Sugawara no Takasue -, cujo nome real é desconhecido; Murasaki Shikibu, famosa por ter escrito 'Genji Monogatari' ('A Lenda de Genji'); e Izumi Shikibu, outra escritora contemporânea de Murasaki.

Os três diários são escritos de formas bem diferentes. O que mais gostei foi o de Izumi Shikibu, pelo formato, embora para amantes da prosa - feito eu - seja um pouco maçante a quantidade de poemas apresentados.


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Sobre o meu exemplar:

Idioma: Inglês
Editora: Dover Publications, Inc. (Mineola, Nova York, EUA)
Assunto: Diários / Mulheres autoras / Período Heian
Páginas: xxxi, 199

ISBN: 0-486-43204-1